O Conscious Kink: a minha abordagem ao fétiche consciente e como transforma o individuo.

O que é entendido por fetiche consciente difere de indivíduo para indivíduo, talvez tão diferente como cada fetiche de cada individuo.

Na sua essência o conceito aponta a que exista consciência sobre os fetiches que temos, e os que estão ou vão ser abordados e postos à prova.

Ter consciência sobre aquilo que nos faz sentir qualquer que seja a emoção, desde prazer, desejo, a total desconforto.

O facto de ter consciência sobre as sensações, permite todo o processo de transformação se inicie. Não apenas numa mera experiência, mas numa ligação que interiorizamos e levamos connosco para o nosso dia-a-dia. Tornamos a convivência connosco mesmos mais fácil. E a partir daí tudo na nossa vida começa por se transformar.

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Eu sou da opinião que há gostos para tudo e malucos para gostar de toda e qualquer coisa. A sexualidade é um dos maiores exemplos.
É bastante vasta, diria infinita a diversidade de desejos e fetiches na comunidade que o BDSM engloba. Há parceiros para todas as vontades, assim como existem Dominadoras/es aptos a proporcionar vastas e diversas experiências aos submissos que se entregam totalmente à figura superior.

O Conscious Kink basea-se na premissa de um individuo querer estar totalmente consciente do momento presente, todas as sensações, emoções, pensamentos, desejos, etc. Totalmente aberto à experiência do momento presente. O objectivo de muitos em meditação, ou em muitos outros campos do auto-desenvolvimento.
Ao entregar-se consciente e voluntariamente à figura superior, o submisso expande a sua consciência sobre si mesmo no mundo ou situação em que se encontra. A obedecer às regras que lhe são impostas, este consegue fazer a transposição para o seu dia-a-dia, trazendo consciência a si mesmo para melhor operar no dia-a-dia. Tornando a sua vida, e a sua satisfação interna, melhor.

Como já escrevi noutros carnavais, sou praticante de Tantra, Reiki e outras práticas e terapias alternativas. Naturalmente comparo todos os ramos de estudo e acabo por cruzar algumas similaridades entre eles.
Falando de Tantra e BDSM/Kink, ambas são abordagens à sexualidade humana. Como duas faces da mesma moeda, o Yin e Yang. Uma tem maior foco nas sensações mais delicadas e suaves que o corpo consegue sentir, muitas vezes chegando ao extremo de não existir qualquer toque sexual, e mesmo assim, pela própria força|energia sexual ser possível provocar e sentir o maior orgasmo da tua vida! Magia para quem ouve falar apenas, eu sei.


A outra, também te leva aos maiores orgasmos da tua vida! Mas trata maioritariamente o oposto.

O BDSM explora também as sensações mais suaves que podemos sentir no nosso corpo e as tremendas sensações que elas causam. Ao contrário do Tantra que não terá uma vertente d@ Terapeuta, ou parceir@, a colocar uma mordaça ao recetivo ou a praticar uma bela de uma Chuva Dourada na testa de um dito cujo (não, que eu saiba…). Existem muitas formas de recriar as mesmas sensações por meios bem diferentes.

A exploração no BDSM consegue ser bem completa, à sua maneira, talvez pela variedade de experiências possíveis. A meu ver, e aos olhos de tantos outr@s, o BDSM e a exploração de Fetiches são as formas mais saudáveis de conhecer e trabalhar o nosso Dark Side (aquela parte do ser que muitos não sabem que não sabem). Diria que só assim será possível aprendermos a conviver connosco mesmos.

Naturalmente o Ser Humano é um animal de disrupção, interessado na boémia, no escapismo e na constante quebra de regras impostas pelas razões mais ridículas e egoístas (guiadas pelo seu ego mal cuidado). Neste estado é facilmente infetado pelo sentimento de Medo, tornando-o fácil de controlar e arrebanhar.
A habilidade natural que tenho, de ver “as borbulhas embaraçosas e pequenos defeitos” de todos é incontornável para mim. E por isso gosto de brincar com os caprichos e traumas de todos. Não querendo traumatizar mais os indivíduos que chegam às minhas mãos, faço uso do meu conhecimento e da minha capacidade natural para brincar com as situações trazendo-as ao ridículo. As reações de quem se submete à minha terapia, por vezes de choque, é completamente externa a mim. Mas confesso que adoro ver todas as reações corporais e faciais de cada um.

Tanto A/O Dominador@ como a/o submiss@ seja numa relação 24/7 ou numa relação pontual (relação ProDomme/sub) que os seus papéis são cruciais para que a mesma funcione. A Dominadora sabe que o seu papel restritivo tem como propósito o de corrigir e melhorar o comportamento do submisso. O submisso tem consciência de querer tornar-se um melhor ser humano (mais obediente ou qualquer que seja o motivo) e por isso reconhece a responsabilidade de comunicar à sua Domme as situações, sensações e pensamentos por que passa. Só assim a Dona pode agir sobre cada assunto da forma mais ajustada possível.

Ambas são posições de bastante responsabilidade e importância neste tipo de relação. Ambos terão de ter disciplina para cumprir o acordo e manter a honestidade a sinceridade com o mesmo. É com essa consciência que começa a viagem do Fetish ou Kink Consciente.

Esta (inter)ligação multidimensional existe entre os dois indivíduos e quando utilizada conscientemente, torna-se uma ferramenta incrível no processo de evolução de cada individuo.